sábado, 24 de setembro de 2011

Melancolia

O fim desse filme fez meu ar se recusar a entrar ou sair, meu corpo ficou estático e minha mente não queria pensar.
Um garoto, que exalava êxtase e perdição, cujos olhos penetravam minhas roupas, tinha um olhar de perdido, ele queria um colo para abraçar e mãos para acariciar os seus cabelos. Não sabia onde era a saída e não tinha certeza se queria ir embora.
Lhe dei minha mão e com um sorriso falso, me estendeu a sua. Fomos andando lentamente, porque não queríamos que a realidade chegasse tão depressa.
Seguimos juntos para a vida normal. Mas o chão não era mais chão, as escadas que agora estavam impregnadas de raízes, mostravam que nos queriam lá. Nenhuma parede existia; víamos pessoas em apartamentos, fazendo suas coisas rotineiras: faxineiras, limpando o chão, que não se limpava, mães querendo calar seus filhos, para poderem transar com os maridos. Tudo estava normal, menos nós.
O olhar de desespero dele, vendo que não fazia mais parte daquele mundo, só fez eu apertar mais sua mão, pois eu compartilhava desse sentimento. Mas o que podíamos fazer? Estávamos fadado a uma vida "real" desde que nossos pais decidiram gozar, por um falso orgasmo.
Nossos olhos não paravam de se olhar. Aos poucos começamos a ser sugados pela imaginação e esquecidos pela vida. Todos os outros olhares não significavam nada, todas as vozes eram mudas. O que nos importava agora, eram nossas mãos que nunca mais se soltariam.

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