sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Leviana Que Sou

Não lute
Veja a sua derrota em meu olhos
Veja que não existe mais nada
Abaixe-se e submeta-se
Veja a vitória do outro,
Sem agonizar
Veja a felicidade sem chorar
A culpa não é sua,
Amor
É minha por ser a leviana que sou
Por ser a prostituta que sou
Não é o dinheiro que é mais valioso
Que você
E sim a minha felicidade em não estragar sua vida
Lembre-se de mim
Como a pura que nunca fui
Lembre-se de mim
Como sendo o amor,
Que ninguém nunca sentiu
Lembre-se dos meus doces beijos,
Que sempre foram amargos
Crie a personagem que nunca fui
Assim em algum momento poderei
Ter sido feliz

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Comunhão dos Lábios

Hoje a irmã Brigida veio me perguntar como era o gosto de um beijo. Fiquei paralisada, como ela estava me perguntando aquilo? Como? Então pensei no mais obvio: Acho que Deus viu o quanto a amo.
Ele sabe que não me encantei só por seus olhos verdes, sua boca vermelha, suas pernas que imagino ser finas, seu sorriso, sua vergonha quando digo para ela o quanto foi bonito sua oração. Ele deve ter percebido que o que eu sinto é o amor mais puro que se possa sentir por uma pessoa.
Mas e se ele estiver fazendo um teste comigo, para saber o quanto sou cristã? Pois uma cristã nunca beijaria outra mulher, principalmente uma freira. Por outro lado se esse teste era para saber o que acho que é um beijo?. Então eu não só teria que convencer a ela como a Ele também, que um beijo, para mim, não é só troca de salivas e sim algo a mais. Mas como falar o que é um beijo? Como? E ainda falar de uma forma que excite ela. Não, excite não. Isso é horrível, que faça ela perceber.. perceber... A você entendeu...
- O beijo tem gosto de anis. - porque falei isso? Nem sei o que é anis, inferno. Ops... Céu
- Anis tem certeza?
- Quem já beijou aqui? Fui eu ou você? - Tente ser mais delicada meu anjo, assim você irá perde-la. Calma, calma.
- Você.
- Anis é o mais belo dos gostos, é uma mistura de pecado e salvação, mas não pecado, PECADO, PECADO inferno, é um pecado de mentirinha.
- Existe pecado de mentirinha?
- Claro que sim, você já não mentiu? Já não pegou as coisas escondidas? Isso é pecado de mentirinha.
- Mas continua sendo um pecado.
- E você vai para o inferno por falar para uma mãe que seu filho, é um anjinho e que faz tudo direitinho, mesmo se ele não fizer?
- Ahm.
- Então... Continuando: Quando você sente o gosto de anis você sabe que pode morrer, pois sua vida terá sido completa.
- Morrer? Como assim?
- É simples irmã, esse beijo é o mais puro e belo de todos, é como se você estivesse se redimido de qualquer pecado,pois ele é lindo e não tem nenhuma malicia, nada que possa comprometer a sua pureza, por isso que pode morrer.
- O gosto dele é bom?
- É o melhor dos gostos e a melhor sensação que você já sentiu na vida.
- Desculpa, mas como a senhora sabe que é o melhor gosto?
- Pois já degustei várias bocas,várias comidas, várias bebidas. Logo posso dizer qual é o melhor gosto. - Querida menina, seja mais educada. Só um pouquinho mais, ok?!
- Você teve vários desses beijos
- Poucos. 3, na verdade. - Só falta ela me perguntar quantas pessoas eu beijei e aih fudeu, nem eu sei quantos eu beijei. Deus não deixe ela perguntar, não deixe...
- Porque só isso?
- Porque as pessoas acham que beijo é apenas um beijo, e não a junção de duas almas, cujo o contato físico não satisfaz o desejo de ficar junto.
- Mas pensei que isso era o sexo.
- Minha irmã, com um gosto desses, do beijo verdadeiro, o sexo perde o sentido. Esse beijo trás a sensação de que o orgasmo está chegando, então, você de todo modo quer parar, porque é muito forte, muito mesmo, suas pernas ficam tremulas, seus braços não tem forças, sua boca já não respeita suas vontades e você não sabe onde isso irá parar. Então de repente você sente o pulsar do coração do seu companheiro nos nos seus lábios e isso faz você acreditar que aquilo será mágico, esplendido. Então você continua, continua, continua... sua boca não pára, e a dele também não e você sente suas almas se juntando, se transformando em uma só... - Deus me dê uma luz, não sou tão boa para explicar um beijo.... Deus!!!!!!!!!!!!!!
- O que mais?
- Quando as almas se fundem...
- Sim!!!!!!!
- Não tem como explicar o que acontece depois, porque é muito mágico, é a perfeição de tudo. Foi aquele primeiro beijo, que me fez acreditar em Deus, em suas bençãos. Ouso dizer que é como se eu tivesse chegado a Deus, como se eu pudesse ver a luz dele. - Desculpe-me Deus por essa blasfêmia, mas o que mais eu poderia falar?
- Se isso é uma comunhão com Deus, porque nos é proibido?
- Porque se todas as mulheres soubessem disso, como Deus faria para segura-las nos seus afazeres? Elas só iriam querer saber de beijar.
- Mas você mesmo me disse que não foi com todos que você conseguiu isso.
- Por isso mesmo, imagina um monte de irmã procurando o beijo perfeito. Seria uma coisa surreal.
- E... Você... Você...
- Eu o que? - Ela vai me pedir! Ela vai me pedir, Deus como lhe amo. Depois desse beijo nunca mais faço nada de errado. Juro.
- Você...Você poderia me mostrar como é?
- Como assim?
- Você... Poderia me beijar?
Então lhe acariciei seu rosto, seus cabelos e senti como o nervosismo tomava conta do corpo dela, seu cheiro adocicado, me fez ficar paralisada, seu halito me chamava para sua boca. Ela fechou os olhos e fomos para a comunhão.
Ela que nem sabia como se fazia, ficou perdida, mexendo os lábios, sem sentido a procura das sensações. Fui lhe acalmando com meus toques em suas costas e minha boca em seus lábios. Ela então se deixou ser presa por entre meus braços, deixou que eu lhe mostrasse o caminho sagrado. Nossas cabeças, pernas, braços, e pelos começaram a se mexer em harmonia, nossos corações começaram a bater juntos. Nossas almas começaram a se unir, a se fundir e quando faltava pouco para nos tornarmos uma, escutamos um barulho e nos separamos rapidamente.
Seu olhar me dizia que me amava e com essa sensação voltei para minha casa, onde sabia que nunca mais precisaria beijar outros lábios, pois só a lembrança daquele beijo me faria feliz pelo resto de minha vida.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Velha louca

Uma senhora, cujos olhos me eram familiares, me perguntou se eu pudia guiar seus cães, mas... mas ela não tinha nenhum cão, só se ela tinha e eu não conseguia vê-los, tipo Chapolin, só os espertos veem. Mas eu achando que a pobre coitada estava começando a enlouquecer, me juntei a sua loucura e peguei as coleiras e andamos, e como ela fala, Meu Deus, eram todo tipo de historias, mas todas reais, ela gostava de frisar.
Como aquela voz me era familiar, falava alto e um pouco agudo, e mal dava para acompanhar o que dizia, pois sua velocidade na língua, fazia qualquer um perder várias das palavras ditas. Continuamos seguindo para o oeste, não sabia onde iria dar, mas sabia que nela eu podia acreditar.
Entramos em uma rua estranha, ai eu comecei a ficar com medo, olhei para trás, mas não me lembrava como voltar. Podia correr, mas para onde iria, poderia ter mais loucos iguais a ela. Será que ela é uma daquelas bruxas, que pegam garotas, para vender a alma?
- Meu Deus me tire daqui. - Acho que eu disse isso, alto de mais, pois ela começou a ria. Sua risada me fez me lembrar quem era ela, mas era impossível ser quem eu achava que era. Simplesmente impossível. Mas o seu sorriso sem som, me dizia que era ela. Sim. Não, não pode.
Ela sentou na rua, com dor de barriga, de tanto rir. Comecei a rir, pois o seu sorriso era péssimo, horrendo de estranho. Ficamos ali sentadas, na rua.
Quando o ar dela voltou, ela me olhou
- Sim, sou eu mesma, qual é a dificuldade de acreditar?
- Qual é a dificuldade, isso é impossível pela física.
- Como se você fosse estudiosa, né? desde quando você entende de fisica?
- Ué, isso é uma coisa obvia.
- Para quem é obvia? para você? a rainha, do não acredito em nada? para você senhora do chocar os outros? quantas vezes você sonhou que isso ocorria?
- Vish, várias vezes?
- Então está acontecendo agora, qual é a dificuldade de acreditar?
- Sei lá. é muito, irrealista para acontecer
- Essa palavra existe?
- Você deveria saber, é bem mais velha que eu.
Ela voltou a rir, com aquele sorriso estranho, e os cachorros, que agora conseguia enxergar e que eu já conhecia muito bem, abanavam o rabo, achando também graça daquela risada.
- Como é a vida velha?
- Igual a nova, só que com menos choques e menos extravagancia de homens.
- Imaginei, você se casou?
- O que você imagina?
- Não, quer dizer sim.
- Qual sua resposta final?
- Sim.
- Por que?
- Porque quero acreditar nisso.
- Não lembrava como você tinha ótimas respostas.
- Mas eu me lembro como você é provocadora.
- Então por que tanto sofrimento nos olhos?
- Por que não acredito em nada
- Você não acredita, ou não quer acreditar?
- Os dois. Como você faz perguntas
- Como você pensa.
- Me faz parar de pensar.
- Pronto. Parou de pensar?
- Claro que não.
- Então não me peça as coisas, se você não quer que elas aconteça.
- Pára de dar uma de psicologa
- Pára de reclamar.
- Paro se você parar.
- Eu sou mais velha, mulher, me respeite.
- mimimi
- mimimi
E voltamos a rir.
- Você tem filhos?
- Sim.
- Quantos?
- Você terá que adivinhar?
- 2
- Não assim
- Então como?
- Acertando.
- Bla
- Quando você for mais velha você saberá.
- Quando eu for velha, serei feia que nem você.
- Claro.
- Vou ser feliz?
- Você está vendo eu chorar?
- Vou ter alguém que me ame?
- Eu me amo, isso ajuda?
- Claro, né, mas e os outro?
- Sim, vários.
- Eu os amo?
- Mais que tudo.
- Com quantos anos esses meus bebês vão me deixar?
- Eles ainda não me deixaram, não percebe?
- Então eu virei uma louca, que anda com coleira para cima e para baixo?
- Você continua a louca que ama tudo o que vê e acredita em tudo o que não vê.
- Me faz parar de chorar.
- Você já fez isso.
- Obrigada
- Não agradeça a mim e sim a você.