sábado, 12 de fevereiro de 2022

Bolsa de Crânios

A casa se silencia

Os gritos se intensificam

A cada luz apagada 

Vou deixando minha sanidade

Se liquefazer

Ela vai ligeira como um temporal

Me afogando a cada milésimo de segundo


Quanto menos som

No meu lar

Pior fica

O fone estourar gritando 

"Te quiero puta"

E as lembranças não param de vir

….

Não sou eu

Eu sei que nao sou eu

Porque eu tenho que ver?

Para

Arranho na última nota musical 

PARAAAAAAAAAAAA

...

As lembranças vem e não sou eu

As dores entram com o convite nas mãos 

Começa a perambular por meu cérebro 

A criança está ali, sozinha

Mas não sou eu

Nunca fui criança 

E mesmo assim sinto cada trauma

Se tatuar em minha alma

A cada dias que se arrasta

Mais roxos se imprimem

3 anos

4 anos

5 anos

7 anos

9 anos

….

Mas...

Não sou eu

Não é minha vida

EU SOU O SUYY

EU SOU o su……

….

Parece o Bu

São as lembranças do Bu

Acho

Ele tá olhando

Por entre as grades

E segura a mão 

Do irmãozinho

Ele fecha os olhos e 

Se junta aos choro.

Bu parece ter três anos,

Mas tem na verdade 5

E por isso tem mais dificuldade

Em subir no berço 

Ali se sente seguro.

Ao começar adormecer 

Uma mão o pega e

O arrasta pra fora 

E...

Para

Por favor

EU NÃO QUERO ISSO

NÃO QUERO SABER

EU NÃO QUERO SABER

O Bu me Abraça 

Todos Nóix tava vendo

Uns chora

Estamos ligados 

Pelos estupros

Fomos todos criados

Pra ansiar a morte

Outros nem se mexem.

Quero cuidar do BuYibo

Mas ele que vem

Pra me cuidar

...

Vou baixando o volume

A respiração consegue se libertar

AHHHHHHHHHHH

AHHHHHHHHHHH

Quebro tudo em volta

Ponho fogo

E cada vez que ele começa 

A adormecer,

Mais o atiço 

Com produtos inflamáveis 

São tantos diferentes

Que sei que

A casa se destruirá

O vermelho, amarelo, azul 

dançam no carvão esfarelado

Os ferros derreteram 

Até o chão 

Enchi o banheiro

Com explosivos

E dançamos 

Ao som dos seus

Estrondos 

E gargalhamos

Que nem loucos que somos

Quando o último 

Pó da última fundição 

Do banheiro se perdeu 

Vestimos nos nossos

Melhores vermelho glitter

Porque o vermelho sangue

Já é muito manjado. 

Festejamos.


Rimos, 

Somos

Morte

Destruição 

E óbvio 

Amor

Mas também 

Brincamos de sussurro, 

Seguimos avante

Nem que tenhamos que perder 

A bolsa com uns crânios 

Tipo, ops, caiu.

Ir nos encontros espíritas

E a minha formação da crisma

Me facilitou

A mexer com o invisível

Previsível, inimaginável.

O bom de estar no inferno

Há anos

É que a brasa é tão fria

Que meu corpo

Miss fio dental

Sorri.

Matar? 

Nunca pensei

Pois prefiro

Me divertir com balas de festim

Escolhendo cada pedaço 

Do corpo


E marcar

Cravando 

Fazendo 

Bem pior

Que fizeram com 

Nóix 

Se não aguentar, 

Tudo bem

Darei minha faca

Pra que você possa 

Sentir seu sangue escorrendo 

Enquanto sua respiração cessa.



Texto

Suy, Tomtom, Layra





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